O Tambor de Crioula,
dança inventada pelos negros que fugiam para o mato, fugindo do regime de
escravidão, cantavam e dançavam para se divertir. Hoje é praticada e
produzida por descendentes de negros e simpatizantes, incorpora às práticas do
catolicismo tradicional e da religiosidade afro-maranhense, mas não é uma dança
de cunho exclusivamente religioso, como o Tambor de Mina, com o qual muitas
vezes foi confundido.
É, sobretudo uma forma de diversão de uma das classes sociais mais
populares, uma expressão de resistência cultural dos negros e de seus
descendentes no Maranhão.
São vários os motivos pelos quais se realiza um Tambor de Crioula:
pagamento de promessa, festa de aniversário, chegada ou despedida de parente ou
amigo, nascimento de uma criança, morte do bumba-meu-boi, carnaval, festa
junina, ano novo etc.
No que diz respeito ao pagamento de promessa, o Tambor de Crioula é
oferecido ao santo, especialmente à São Benedito, um santo negro,
indispensável, na festa de devoção particular, a presença da imagem do santo,
colocado num altar, preparado próximo ao local da dança. O santo também
participa da dança, sendo em certos momentos carregado nos braços ou colocado
na cabeça das mulheres.
Ainda na dança, destaca-se a presença de vibrantes formas de expressão
corporal, apresentadas principalmente pelas mulheres, em movimentos encantadores
e harmoniosos, ressaltando cada parte do corpo, como cabeça, ombros, braços,
cintura, quadris, pernas e pés. As coreiras (denominação das dançantes)
preenchem metade do círculo e a outra metade é ocupada pelos coureiros
(tocadores). Dentro da roda, não existe pessoa determinada para iniciar a
dança. Entra uma careira de cada vez, enquanto as outras esperam sua vez de
entrar. No centro da roda, os movimentos são livres, mais intensos e bem
acentuados. Ao entrar, cada coreira mostra seu estilo, sua forma de dançar, de
“pungar” outra coreira.
A punga é muito importante na dança, é vista com respeito,
principalmente pelos brincantes mais antigos. Tem vários significados: entre as
mulheres, se caracteriza como convite para entrar na roda. Quando a coreira que
está dançando no centro da roda e quer ser substituída, avança em direção a
outra coreira aplicando-lhe a punga, que, por sua vez, entra na roda para dar
continuidade à dança. A punga é dada de várias maneiras: no abdome, nas coxas,
no pé da barriga e outros, variando de coreira para coreira.